SÃO PAULO (Reuters) – Na adolescência, Joan Jett queria aprender a tocar guitarra, mas um professor de violão insistia: guitarra não é coisa de mulher. E, mais uma vez, tentava ensinar-lhe uma musiquinha quase infantil – para desespero da garota, que se revoltava e, mais tarde, se tornaria uma das maiores roqueiras do mundo. Ao menos essa é a história de “The Runaways – As Garotas do Rock”, que estreia em circuito nacional.
As meninas eram o que se chama “jailbait” (em bom português, “chave de cadeia”). Menores de idade, elas transferiram para a música, coreografia e figurinos seus hormônios juvenis em ebulição. A combinação rendeu milhões e a fama repentina.
Há no filme um dilema entre ser a mulher-objeto que satisfaz as fantasias mais sórdidas (Cherie) ou manter-se fiel aos seus ideais e ao amor pela música (Joan). A escolha foi feita pelas personagens. Na vida real, como o filme mostra sem muita profundidade, Cherie mergulha num oceano de egolatria e autodestruição, que culmina em internações para desintoxicação.
O filme não procura fazer julgamentos, focando-se em retratar as artistas enquanto jovens. Neste sentido, “The Runaways” é mágico. Em sua época, a banda tornou-se uma febre mundial, como se observa numa apresentação delas em Tóquio, abarrotada de adolescentes histéricas que se vestem e maquiam como seus ídolos. Nada mal para duas garotas de 16 anos que, meses antes, contentavam-se em imitar David Bowie.
Há muito Dakota não surpreendia no cinema. Relegada ao posto de coadjuvante na série “Crepúsculo”, em “The Runaways” ela volta a dar sinais do talento promissor demonstrado em filmes como “Uma Lição de Amor”. Ela domina a cena ao encontrar a dimensão humana por trás da fama de Cherie.
Por isso, o filme é muito mais que apenas a biografia de uma banda de rock feminina. Kristen também mostra que seu talento é muito maior do que os suspiros e olhares perdidos no horizonte de Bella. Ainda assim, “The Runaways…” pertence a Dakota, até porque sua personagem é mais interessante e complexa.
Mais de três décadas depois, Joan provou que seu professor estava errado e que o rock seria sua vida. “Eu amo rock and roll” é o título e refrão de uma de suas músicas mais famosas. Cherie talvez não gostasse tanto assim de música e a fama pode ter sido obra do acaso. Independentemente disso, a história delas rendeu um filme bastante empolgante.
Fonte: O Globo
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